Gratidão pela visita...
Maria Lúcia
* * *
É Natal!
Entre ruas coloridas e árvores piscantes, sons de jingle bell,
pedidos e desejos,
laçarotes
engomados e gordos Noéis,
muitos sorrisos cordiais ,
comes e
champanhes...
Onde haverá, neste momento, lugar para o xamã e sua fogueira?
Onde buscará seu céu de estrelas? Em que trecho do asfalto honrará a Mãe Natureza?
Onde buscará seu céu de estrelas? Em que trecho do asfalto honrará a Mãe Natureza?
Para ele tudo é válido... compreende que, neste
rodamoinho de emoções e tradições
de tantos povos, o que importa é
que no compartilhar da alegria,
em algum momento,
o Sagrado penetra, assume, e em milagre atua...
Desejo que no momento do milagre sejam resgatados:
a transparência do brilho de um "olho no olho",
o pulsante aconchego de
um abraço amigo,
a cumplicidade de um grande amor,
o exemplo e a segurança entregues aos descendentes;
a gratidão aos ancestrais.
Que a fagulha do Cristo Cósmico,
seja mantida no silenciar
dos nossos corações
e viva em nossa Verdade Absoluta.
Que na certeza do percurso de nossa Estrada Sagrada, sob a
proteção segura do Pai Céu,
esteja a Esperança inabalável, atuante através do
Amor e da Compaixão do Cristo,
em nossos corações irmanados,
para a cura de todas as dores do coração da Mãe Terra...
Que juntos: nossa Mente, nosso Coração e nossa Ação
possam se diluir na essência de todos os Seres... de todos os Reinos...
e penetrar todos os mundos, para que a experiência da Compreensão seja vivida
possam se diluir na essência de todos os Seres... de todos os Reinos...
e penetrar todos os mundos, para que a experiência da Compreensão seja vivida
e a Humildade seja um tom a mais no arco-íris multicolorido da
Paz entre os Homens...
Que rios e mares, montanhas e vulcões, matas e desertos, ventos
e trovões,
deuses e deusas, nossos mestres e irmãos, compartilhem conosco
os rituais sagrados em nosso Templo Interno...
deuses e deusas, nossos mestres e irmãos, compartilhem conosco
os rituais sagrados em nosso Templo Interno...
Que a harmonia de todos os sons reine acima dos quatro
elementos...
Que possamos juntos continuar plantando sementes
pela manifestação da Divindade em cada Ser...
pela manifestação da Divindade em cada Ser...
Que os perfumes e essências de todas as flores, vindos das
quatro direções,
abarquem o nosso sentir rumo à Unidade...
Que o Amor e a Luz prevaleçam...
Que o Amor e a Luz prevaleçam...
E que o Grande Espírito possa, de seu Trono Eterno,
sorrir e
adormecer tranquilo pelo legado, de seu Filho, que deixaremos aos nossos
filhos...
“Alcançar a Unidade é ultrapassar todos os limites...
inclusive o da ilusão de que ela possa não existir
em qualquer movimento padronizado como ilusório...”.
inclusive o da ilusão de que ela possa não existir
em qualquer movimento padronizado como ilusório...”.
Feliz Espírito de Natal a Todos!!!
Amor e Luz... DEZ 2015
PAZ e Bênçãos, Maria Lúcia Brenélli.
* * *
No que toca ao Reino
Vegetal, as Árvores têm um capítulo especial...
Seres de imensa grandeza,
nossas matriarcas ancestrais, guardam em silêncio os segredos do tempo, das
brisas, dos ares, dos ventos, dos passantes, das conversas às suas sombras, da
Mãe Terra. Muitas guardam a alegria
dos moleques que nelas já subiram a espiar longe... Os suspiros dos namorados
apaixonados, seus segredos e juras, algum coração desenhado com iniciais que o
tempo não apaga.
Quem, na infância, ouviu conselhos dos avós,
histórias de tios e tias às suas sombras conhece a magia de seu acolhimento e
sua cumplicidade... Tenho a dádiva de ter esses registros em minha história,
não existe melhor lugar para uma criança ser aconselhada, para se trocar
confidências que a sombra de uma árvore. Melhor ainda, se for possível que à
sua sombra façamos uma pequenina fogueira, com cuidado para não ofender suas
folhas com o calor do fogo.
Sabedoria e estabilidade
pulsam no coração de nossas guardiãs em total entrega à missão sagrada.
Mananciais de virtudes, não perdem a mínima oportunidade para colocar em
prática: maestria em doação.
Guardiã |
Antenas Cósmicas.
Como antenas cósmicas,
ligando o Céu e a Terra, são reservatórios de energias enigmáticas à nossa leitura.
Através delas é mantida a ligação terrena com as forças Universais. Essas
forças captadas por suas copas caminham por seus veios e seivas e através de
suas raízes ganham as entranhas da Mãe Terra e a suprem e a sustentam, passando
esses códigos cósmicos às nossas águas, aos plantios, aos frutos e às flores,
aos pastos e às capineiras: alimentos tanto aos humanos quanto aos animais.
Energias mantenedoras da criação e da vida.
As florestas, ancoradouros
de forças sagradas, são utilizadas por seres de hierarquias divinas como portal
para suas manifestações e atuações na Terra. Isso acontece também com as
árvores guardiãs, elas sustentam energias importantes nos templos, nos centros
culturais, nos bairros, nas cidades, nos lares, nos jardins públicos... Enfim,
em todos os lugares onde estiverem.
Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) |
Conectando-se com o Espírito das Árvores.
Na chácara de nossa família
temos uma Paineira Mestra, ela é a nossa guardiã. Um dia, há algum tempo,
percebi que ela estava muito triste, ao indagar o porquê ela me explicou que os
Espíritos das árvores estavam tristes, que seus Devas se sentiam desalojados
pelo constante devassar das matas e florestas. Não tendo as árvores, como esses
Devas podem se manifestar no planeta? Como pode um Ser sagrado se encontrar sem
poder cumprir sua missão? Como pode ser
interrompido o fluxo energético Céu e Terra, que elas sustentam, sem prejuízos
para toda a cadeia de vida dos Reinos que aqui habitam e para o Planeta? Como
isso não afetará o equilíbrio do Todo?
A inconsciência humana ficou tão absurdamente avassaladora que ultrapassou os limites do Sagrado.
Então, eu perguntei a ela o
que podia ser feito...
Ela me ensinou algo muito
importante que passo para vocês. É simples e pela minha experiência faz toda
diferença.
Onde quer que você esteja
conecte-se com uma árvore, uma com a qual você tenha afinidade, aquela que
toque seu coração. Não é necessário que essa distância tenha limites. Estou em
São Paulo e mantenho a ligação com nossa Paineira em Cotia, embora eu tenha
aqui em nosso bairro outras com as quais também me conecto.
Mantenha, todos os dias, um elo do seu
Espírito com o Espírito dessa Árvore. Melhor que isso seja feito pela manhã ao
sol nascente, ao meio-dia ou ao sol poente. Mas se você, por algum motivo, não
puder nesses horários, faça quando puder. Importante é que faça.
No momento em que você
conectar seu Espírito ao Espírito da Árvore que você escolheu, converse com
ele. Diga-lhe que você é consciente da importância de todas as Árvores para o
equilíbrio do sistema planetário e, portanto, da importância que essa árvore
tem. Peça perdão ao seu Reino pela destruição das florestas.
Envie muito Amor e Luz ao
Espírito dessa Árvore, sinta-se abraçando-a, sinta que seu amor caminha por
seus veios, por sua seiva e por suas raízes ganhando a Terra, o mesmo caminho
que fazem as energias cósmicas que ela capta. Faça isso em intenção de
regeneração e cura pela tristeza que elas estão sentindo. Sentindo-se em
Unidade com o Espírito dela, peça-lhe que passe sua mensagem para o Espírito de
tantas Árvores quantas ela puder. Peça que se curem deste sentimento e que
mantenham-se unidos como força grupal para que se faça cumprir a missão que os
mantém a Serviço da Unidade. Agradeça-lhes por tantas eras de Serviço ao
planeta e à humanidade. Não é preciso, nem recomendo, que você entre em contato
com os Devas, deixe essa tarefa para as Árvores que são íntimas deles. Devas
são seres de extrema força, portanto, só devem entrar em contato com eles
pessoas que tenham intimidade em trabalhar com as Grandes Forças da Natureza.
Se você quiser fazer uma
experiência muito especial, conecte-se com uma árvore que esteja muito triste,
que esteja secando ou doente e verá a diferença regeneradora que esse gesto e
esse sentimento fazem.
O Amor e a intenção de cura
juntos operam milagres.
O primeiro aprendizado:
A mais importante razão
desse contato é a cura da dor e da tristeza que as Árvores e seus Devas estão
sentindo. Você verá o quanto essa ligação aumenta sua energia vital e lhe traz
felicidade, pois a Natureza sempre trabalha em via de mão dupla. Esta é uma
grande lição: tão tristes elas estão, mas no momento que recebem nossa atenção
nos doam tanto Amor que a troca de energia chega a ser emocionante. Jamais um
Ser que está em equilíbrio com a Natureza Espiritual recebe sem doar.
O segundo aprendizado:
O segundo aprendizado:
Com o passar dos dias, você
vai experienciando uma ligação tão bonita, sincera e sagrada como nunca
experienciou com um Ser vegetal de tal grandeza. Você e a Árvore se tornam
íntimas.
O terceiro e mais
importante aprendizado:
Tente descobrir, depois me
conte...
Tipuana (Tipuana tipu) |
As Árvores curam.
Se você tem um problema, qualquer
questão mais difícil a resolver,experimente eleger uma Árvore como amiga e
confie-lhe seus segredos. Você verá como tudo fica mais fácil, as soluções se
apresentam, as facilidades chegam. Lembre-se de devolver-lhe em Amor.
Elas têm especial habilidade
em reconhecer sentimentos.
Árvores, quer anciãs ou
jovenzinhas, são seres extremamente amorosos e gostam de atenção,
principalmente quando essa atenção vem com pureza e sinceridade.
Árvores são mestras em
guardar segredos, somente os contam a outros curadores como o Vento, a Chuva,
os Pássaros...
Unidas, as forças
conscientes da Mãe Natureza trabalham pela cura da humanidade e
planetária... O Vento, a Brisa, o
Orvalho, a Chuva, o Vendaval, o Sereno, a Neblina, a Nuvem, a Chuva de Granizo,
todos têm um Espírito, todos são irmãos e, cada qual com seu temperamento, se
conhecem muito bem. Eles são Espíritos primordiais e reconhecem que cada um tem
seus dons e que cada um cura de uma forma diferente. Assim, entre si
comunicam-se e solicitam ajuda uns dos outros atuando sempre que há
necessidade.
Quando amanhece o dia e o
Espírito da Brisa bate manso nas folhas das árvores, conta-lhe segredos de onde
veio, fala de sua caminhada, das pessoas que encontrou, conta sobre os sonhos
dos humanos que captou durante a noite e do que deve ser curado. Elas conversam
como podem proceder para a cura.
Alguém já se perguntou o
que dizem as folhas das árvores quando farfalham?
- Conversam com o Espírito
do Vento, contam a ele as dificuldades do local, sugerem o que deve ser levado
para muito longe, bem pra lá dos imensos mares onde habita o inatingível...
Então o Vento amigo vem
forte, ele varre os céus e o leito da terra, leva consigo as conversas vãs, os
pensamentos fúteis, as mentiras e ilusões, a ganância, as raivas e iras...
De quando em quando as
energias densas se acumulam de tal forma que necessitam uma cura mais drástica,
então nossas guardiãs chamam pelo Espírito do Vendaval, ele chega uivando
balançando forte os galhos e folhas das suas amigas Árvores, esses sons somados
aos movimentos desestruturam e quebram as moléculas pesadas dessas energias que
estão no Ar. Numa doação total de compaixão, quando tudo se aquieta, podemos
ver galhos quebrados, árvores tombadas... Elas, realizadas, fizeram sua missão
de cura.
Enquanto isso o Espírito do
Vento bravo carrega para bem longe, para além dos Mares ou para as quebradas
das Montanhas essas moléculas que no caminho são transformadas, transmutadas...
Quando a próxima aurora
chega, encontra o dia limpo, os ares leves e puros, o Céu e o Sol brilham de
uma forma diferente, pode-se sentir e ver as fagulhas de energia vital varrendo
os novos ares...
Ipê Rosa (Tabebuia...) |
Ipê Rosa |
As pioneiras no preparo das essências florais.
Estamos na primavera, nossa
cidade se enfeita em tantos coloridos: Sibipirunas, Resedás, Patas de Vaca, Acássias Imperiais, Tipuanas,
Ipês, Jacarandás, Agoniadas, Guapuruvus, Espatódias, Flamboyants... Suas cores misturam-se tingindo o Céu ou
atapetando a Terra: alaranjado, amarelo dourado, amarelo gema, do rosa clarinho
ao magenta, branco, roxo, violeta, vermelho...
Todas as vezes que caminho
pelas ruas e calçadas com flores derrubadas pelas árvores, contorno as flores,
procurando não pisa-las, honro sua beleza e seu sagrado. Agradeço-lhes a
energia vibratória de cura que espalham pela terra e que doam aos caminhantes que,
mesmo não tendo consciência do que representa a vibração energética das flores,
passam por elas como quem passa por cortinas de Luzes, levam suas virtudes e
bênçãos impregnadas em suas auras. Depois, dando-se conta ou não, carregando
seus dados, emitem suas emanações de cura através de todos os seus sentidos.
Falamos da cumplicidade
entre o Vento, os ares, a brisa, dos fenômenos da Natureza com as árvores para
a cura dos humanos sobre a superfície da Terra...
Mas restam as entranhas da Terra,
os caminhos sombrios das galerias subterrâneas, dos esgotos, que também guardam
as dores e mazelas da humanidade e outras tantas energias às quais não quero
citar aqui.
O Vento derrubou as flores
das árvores... Tapetes coloridos forram
ruas e calçadas...
certo que ainda resta muito
a curar, ele clama por sua irmã: a
Chuva... Ela lava o Céu e o Chão da Terra.
É quando acontece um magnífico milagre: as flores que se deitaram à
Terra pensando em já adormecer, acordam seus códigos sagrados ao contato com a
Água da Chuva e milhares de litros de água se transformam nas maiores poções de
Essências Florais que jamais algum repertorista floral conseguirá fazer...
Apesar da ausência dos
raios do Sol, pela cobertura das nuvens, a Água da Chuva traz códigos
eletromagnéticos capazes de potencializar os códigos sagrados das flores que
com total grandeza e propriedade divinas imantam as moléculas das Águas com
suas virtudes e dons.
Elas, com certeza, foram
pioneiras no preparo das Essências Florais Vibracionais.
Essas Essências de Flores
banham nossas ruas, calçadas e galerias com a mais perfeita forma de cura, a
mais alta frequência energética que qualquer remédio terreno pode oferecer para
uma cura ambiental a grande escala, nos grandes centros urbanos.
Essências florais, após os
ventos e as chuvas de primavera passam curando as galerias subterrâneas e
esgotos das cidades operando milagres em suas trajetórias sagradas.
Em acordos secretos e
velados todas as forças da Mãe Natureza, irmanadas, trabalham pelo bem comum.
E no dia seguinte tudo
amanhece em PAZ...
A Mãe Natureza e seus
elementos nos sugerem, o tempo todo, aprendizados e atitudes divinizadas em
relação à Totalidade...
Com alegria e gratidão
podemos optar em sentir, pensar e agir em acordo com essa Totalidade.
Primavera
/ 2012
Maria Lúcia
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Xamanismo
Por todas as partes do mundo, em todas as
civilizações, há milhares de anos foram, e
até os dias de hoje ainda são, encontradas
provas de sua existência. O xamanismo é tão antigo quanto a humanidade, sendo
sua mais antiga expressão de religiosidade, cultura, medicina, filosofia e
política social.
O conceito do Xamanismo abrange uma realidade
onde a Natureza, a Terra, o Céu e todos os seres da criação, de todos os
reinos, ocupam cada qual seu lugar. Porém, interagem entre si mantendo seu equilíbrio perfeito a partir dessa interação pacífica e harmoniosa. Nessa visão, os fenômenos da Natureza, bem como seus elementos: rios, mares, montanhas, vales,
nuvens, raios, trovões, relâmpagos, chuvas, possuem Espírito. Os animais, minerais
e vegetais, tanto quanto o homem, possuem Espírito. Todos os comandos são determinados visando respeito e
honra a essa questão.
A crença da
existência do homem num sistema onde macro e micro se intercambiam e são
interdependentes faz do homem, dentro de uma estrutura xamânica, um Ser
pertencente à Criação de forma responsável e respeitosa. Acredita-se que entre
o Pai Céu e a Mãe Terra está o Ser Humano à Serviço da Criação, ao mesmo tempo
em que ela o provê e o protege.
O Pajé na sociedade
tribal é o manancial do conhecimento,
a raiz dos mistérios e segredos que envolvem a Pajelança e todos os
procedimentos voltados para o sagrado em suas manifestações ritualísticas
tribais.
Ele detém a cura e os poderes sagrados tanto quanto souber deter
os segredos.
É muito importante frisar que: não existe Pajelança Verdadeira
ou ritualística indígena genuína, como ditam os princípios sagrados tribais,
sem a condução de um Verdadeiro Pajé. E
que a Pajelança é apenas uma a mais entre suas práticas sagradas.
Este, para estar habilitado, em primeiro lugar deve ter sido destinado para sua missão pelo seu próprio tronco familiar, ou seja, um tronco tradicionalmente de pajés, que de pai para filho herdam os dons. Além disso, seus dons devem ser comprovados por atitudes diárias e poderes sagrados. Ele deve absorver conhecimentos ritualísticos e sagrados ancestrais que, em geral, são passados verbalmente ou por contatos telepáticos, intuitivos, captados do invisível de acordo com sua expansão de consciência, espiritualidade e envolvimento com o plano divino.
É ele o responsável não só pelo destino espiritual de seu povo; de forma muito contundente é
respeitado ao interferir na parte político social de sua nação, sendo suas
sugestões sagradas e incontestáveis.
Deve participar da realidade cotidiana de sua sociedade para em
momentos precisos interferir como conselheiro ou guia.
O Pajé deve viver em intimidade com o divino; possuir propriedade da utilização das plantas curativas,
do uso de vegetais alucinógenos ou não, das poções mágicas, dos instrumentos
sagrados e de poder, sendo eles musicais ou não, tanto os mais conhecidos como
a maracá, o tambor, a flauta bem como outros mais secretos.
Há de ser um bom artesão visto que seus instrumentos sagrados e
talismãs são criados por ele mesmo.
Fazem parte ainda de seu conhecimento secreto:
os cantos, as danças, as rezas e a linguagem ancestral sagrada. Tudo somando sua comunicação sagrada à comunicação com
seus ancestrais, com entidades sobrenaturais e com seres de alta hierarquia,
como os que dominam os fenômenos da Natureza.
Deve ter o reconhecimento e habilidade em trabalhar com os quatro
elementos (fogo, terra, ar e água) e os espíritos dos quatro reinos da criação
(mineral, vegetal, animal, hominal) que habitam a Terra.
Entre uma infinidade de conhecimentos ainda há de: ler as
entrelinhas dos mistérios ocultos da linguagem sagrada, ter a capacidade de
viajar entre os mundos físico e espiritual, caminhar entre o céu, as
profundezas da Terra e o inferno, ou seja, entre os mundos internos dele mesmo
e de cada Ser que o procura em busca de cura.
E, sobre todas as
coisas, viver em tempo permanente a serviço do Grande Espírito.
Um verdadeiro Pajé tem o domínio de tantas sabedorias que seus
dons abrangem a perfeição manifestada desde tarefas que podem parecer mais
simples como o preparo de um alimento, a limpeza da casa, o plantio, a caça, a
pesca, o divertir uma criança, o entender a linguagem de um animal até a
comunicação com as estrelas e os seres sagrados estelares. Ainda, há de primar
sobre o conhecimento e a compreensão de tudo que pertence ou se refere à sua
cultura.
As Pajelanças são
expressões ritualísticas que abarcam segredos, mistérios, conhecimentos e dons
de um Pajé. Ela é apenas uma entre muitas de suas práticas sagradas.
São permeadas por misticismo, honra, confiança, fé e respeito
pelas pessoas envolvidas em sua busca.
Durante o ritual da pajelança o Pajé é imbuído pelo sagrado e
neste momento é acessado todo seu “arquivo” sagrado como ferramenta de cura,
pelo próprio sagrado com quem se identifica no momento.
Há pajelanças individuais como também as direcionadas ao bem
comum ou grupal.
Quando individuais são realizadas em função de curas: física,
espiritual, mental, emocional.
Existem pajelanças “brancas” (para o bem) ou “negras” (para o
mal). Mas também, há sempre um “ajuste de contas” do plano espiritual, quanto
aos conhecimentos e poderes de um pajé, quando seu uso é feito para o mal.
A verdadeira pajelança ancestral sempre se fundamenta em trabalhar pelo bem, seja individual, coletivo, local, planetário ou Universal.
A verdadeira pajelança ancestral sempre se fundamenta em trabalhar pelo bem, seja individual, coletivo, local, planetário ou Universal.
No que diz respeito às pajelanças individuais independentemente dos procedimentos e motivos que levam o Ser a procurar a cura por esse segmento o resultado sempre visa fortalecer o Espírito do buscador.
Porque as pessoas buscam cerimônias indígenas
Fora das Aldeias, nas sociedades urbanas, os
motivos que levam pessoas a buscarem cerimônias indígenas são os mais diversos. Desde simples curiosidade, até quebra de padrões emocionais
cristalizados; limpeza espiritual, a
simplicidade das manifestações como danças e cantos, a expansão de consciência,
a alegria e o conforto que sentem após as danças.
Mas, particularmente, tenho observado que o
mais relevante dos motivos é a busca por uma ritualística que traga, como
registro, um contato mais próximo com a Natureza e o fortalecimento do Espírito
do buscador. Isso abarca questões complexas como uma necessidade vital de
rituais ancestrais e uma leitura simples da ligação do Homem entre o Céu e a
Terra. Essas pessoas desejam uma ritualística nutridora que supra as
necessidades de seu Espírito e que seja distanciada tanto das instituições
religiosas como da forma como o histórico dessas instituições está registrado
no decorrer da história.
por: Maria Lúcia Brenelli* *2012*
* * *
O delicado campo que permeia
o uso ritualístico
das plantas alucinógenas
o uso ritualístico
das plantas alucinógenas
Como “caminhante buscadora” e terapeuta holística, sou
testemunha fiel de experiências vividas por muitos buscadores que me procuram
para orientações e conforto. Segue aqui o meu depoimento sobre o delicado campo
que permeia o uso ritualístico das plantas alucinógenas utilizadas de diversas
formas como: poções, bebidas, injetadas, mascadas ou fumadas. São estas plantas
sagradas, como respeitosamente serão aqui tratadas, bem como é Sagrado todo Ser
pertencente ao Reino Vegetal.
Cito abaixo os vários motivos pelos quais, em minha
experiência de vida, sempre optei pelo não uso pessoal ou administração
profissional, aos meus clientes, das plantas alucinógenas. E porque, seja num
contexto puramente físico/químico ou num contexto divino, sempre desaconselho a
utilização das mesmas aos que pedem minha opinião.
Aos que tiverem interesse pelo assunto registro aqui,
também por experiência própria, a forma como se pode percorrer o caminho
sagrado, com os almejados resultados, sem comprometimentos ou riscos.
1- Meu testemunho como buscadora
Minha vida pessoal de buscadora começou muito cedo. Desde
menina sempre tive afinidade especial com as plantas, suas flores, seus
princípios curativos, com a Mãe Natureza e tudo que nela habita. Daí para
sentir o que nutria meu Espírito foi dado fácil de ser acessado. Posso dizer
por minha própria vivência que a realização do autoconhecimento com expansão de
consciência pode e deve ser encaminhada através de métodos simples, nada
sacrificados. São eles: meditação, alimentação adequada, respiração, cuidados
físicos, estudo, uso das Essências Florais, contato com a Natureza e com o
Espírito das plantas de uma forma sutil, suave e não invasiva. Esses veículos,
de total confiabilidade no caminho sagrado, nos trazem conquistas aspiradas
como: visões, intuições, premonições, ligação com Eu Superior e com Hierarquias
Sagradas de formas indiscutíveis. Basta um requisito para que isso ocorra: a
escolha do caminho a ser percorrido.
Esse caminho pessoal sagrado, que na verdade permeia o
profissional, porque não há como separar um do outro, tem me dado todo respaldo
para que eu seja um Ser feliz e possa me considerar, com humildade e gratidão,
realizada em todos os setores. Este mesmo caminho, até agora bem sucedido,
mantém acesa a minha certeza de que a dedicação à evolução é uma constância
consciente na busca do aprimoramento de dons e virtudes e na cura de padrões
indesejados a serem sempre desvendados e descristalizados.
2- Meu testemunho como terapeuta
Há 17 anos atuando como terapeuta, detenho o conhecimento e
aplicação de vários métodos ligados a terapias holísticas. Nesse tempo, tenho
recebido em meu consultório grande número de pessoas buscando soluções a sérios
problemas desencadeados, de todos os níveis, após a participação em cerimônias em
que ingeriram plantas alucinógenas.
Especialmente a bebida Ayahuasca.
E pior ainda segue a condução, se após uma catarse existe a
orientação, por quem lidera ou administra o ritual, para que a pessoa tome
outra dose para curar os estragos da primeira... e assim por diante. Pois o que acontece, no geral, é que os
desequilíbrios tomam continuidade...
Recebi, também nesse período, diversas pessoas que fazem
uso de plantas de outras maneiras, como mascadas ou fumadas, sendo a Erythroxylum coca e a Cannabis sativa as mais conhecidas (que
da mesma forma destroem seus campos energéticos), buscando se reequilibrar.
Como a visualização das energias é uma ferramenta e um dom
que muito me auxilia nesses casos, não tenho como duvidar do que se torna
evidente. Vejo os rompimentos de seus corpos sutis e as cores originais de suas
auras que poderiam ter matizes e nuanças de cores como azul, rosa, amarelo,
verde, lilás e tantas outras, cobertas e obscuras por texturas de energias
escurecidas e pegajosas como limo, especialmente na região da cabeça. Essas
auras perdem o brilho e não emanam as fagulhas brilhantes comuns em auras
saudáveis. Seus corpos vitais energéticos apresentam falhas e buracos. Essas
placas, que se apresentam como limos, impedem que a ligação energética entre o
Céu e a Terra seja natural, causando desconforto contínuo ao usuário das
plantas alucinógenas mesmo quando esse uso está ligado a cerimônias
ritualísticas.
Essas pessoas, não raro, sofrem de depressão, ansiedade,
irritação, tristeza e sensações de constante descontentamento, embora em sua
vida cotidiana tivessem tudo para viver equilibradamente.
Enfim, são vários os sintomas que mostram os desequilíbrios
e que no nível de orientação e recuperação requerem dedicação e perseverança
tanto da parte do buscador como do orientador. No entanto, se os procedimentos
forem bem conduzidos e aplicados, são extremamente bem sucedidos.
Para que os quadros sejam revertidos, utilizo além de
outros procedimentos cabíveis, um dos principais pilares do Reino Vegetal, as
Essências Florais que, de uma forma mais sutil e também sagrada, trazem
resultados surpreendentes e efetivos no caminho do autoconhecimento, da
expansão de consciência e na recuperação de padrões em desequilíbrio.
Costumo dizer que as Essências Florais são as bebidas de poder do nosso povo. Quando bem administradas, elas trazem resultados maravilhosos e sem comprometimento algum.
Costumo dizer que as Essências Florais são as bebidas de poder do nosso povo. Quando bem administradas, elas trazem resultados maravilhosos e sem comprometimento algum.
Ajudar pessoas que participaram dessas cerimônias ou que em
algum momento optaram por fazer uso das plantas de forma equivocada (e que, por
isso, trazem desajustes a todos os níveis de corpos), tem me trazido muita
experiência neste campo, assim como tem expandido meu conhecimento sobre a
atuação sagrada do Reino Vegetal. Cresce meu respeito e minha proximidade ao
Espírito dessas plantas que, divinizadas que são, seguem na linha do tempo
aguardando que o Reino Humano consiga compreendê-las e através do contato
correto com sua essência sagrada possa recuperar seu destino divino.
Devo acrescentar ainda, como dado de muita importância,
que, durante os últimos 13 anos, tenho trabalhado com os índios Kariri Xocó,
mais precisamente com o pajé Tkaynã. E também a dádiva de ter como grande
amigo, o pajé e mestre Tchydjo, pai de Tkaynã. Essa convivência próxima a eles
trouxe-me grande aprendizado e conhecimento em relação às práticas ritualísticas e
às bebidas de poder. Tkaynã e Tchydjo, segundo seus próprios relatos,
são os únicos representantes do povo Kariri Xocó, fora da aldeia, capacitados
pelo sagrado a ministrarem a Jurema e a fazerem pajelanças. Eles detêm conhecimento e domínio ancestrais
ligados ao Espírito da Jurema, à sua Árvore Sagrada e à bebida alucinógena
sagrada de seu povo. Eles também pertencem ao povo Fulniô.
Tive a bênção e merecimento de entrar em contato com a
Jurema, por diversas vezes, através de visões e meditações, respeitando sempre
minha opção de não ingerir nem administrar aos meus clientes sua bebida
sagrada.
Sobre a Jurema e sua guardiã sagrada, da qual o povo Kariri
é guardião dos segredos, teria que dedicar outro texto visto a grandeza de seu
sagrado e tal o respeito e honra que lhe tenho.
3-
As plantas alucinógenas
Bem como todas as outras, as plantas alucinógenas são
sagradas e mantêm cada qual esse elo com seu guardião sagrado.
No caso de serem utilizadas para fins ritualísticos, a
ligação de seu Guardião e a comunicação
com quem administra sua feitura e distribuição, deve ser clara e impecável.
Elas são extremamente delicadas e sensíveis.
Sobre as poções e bebidas sagradas, cada uma delas detém
uma linguagem apropriada ao povo ao qual foi designada para contato, ou seja,
cada qual entende a linguagem de seu povo. Cada qual nasceu e cresceu nas
terras desse povo para ajudar esse povo.
Esse foi um fator que me ficou muito claro nos vários
contatos que tive com seus Espíritos Guardiões em meditações e visões. Pude
observar, com tristeza, a angústia de vários deles pela má administração e uso
de seus princípios ativos sagrados.
Afirmo ainda que, quando a direção ritualística é mal administrada e foge do controle do líder que conduz a cerimônia de feitio ou a cerimônia de distribuição das mesmas, por qualquer que seja o motivo, os resultados podem sem catastróficos aos participantes à medida que pode haver deslocamento ou rompimento dos corpos sutis.
Aos que desconhecem o papel que esses corpos desempenham em nosso Ser, deixo aqui a sugestão para que se aprofundem no assunto. Seria preciso discorrer muito sobre isso, tal sua importância e complexidade.
4- O caminho hierárquico
sagrado das plantas alucinógenas nos rituais
Existe um caminho sagrado que as plantas alucinógenas fazem
e fizeram na história de cada povo ancestral ou nativo. De uma maneira simples
e objetiva, cada qual com suas tradições e costumes, elas mantêm uma estrutura
a todos os níveis para que esse caminho seja percorrido. Caminho esse preparado
e ancorado por toda uma hierarquia conhecida e respeitada pelo povo a qual
pertence.
Fazem parte dessa hierarquia: sua ancestralidade espiritual
e genética, seu espaço físico e espiritual sagrado, seus mestres do plano
divino, pajés e curadores – que no plano terreno são designados a conduzir e
manter em seu povo tal experiência. Contam ainda os requisitos pessoais,
conhecimento, apoio e intimidade dos condutores das cerimônias com o plano
sagrado que habita no reino vegetal.
A partir dessa hierarquia, segue um relato resumido
direcionado apenas à finalidade de conhecimento. Não constam aqui as rezas ou
palavras sagradas que ancoram os portais ritualísticos, bem como não são
citadas as hierarquias sagradas que sustentam estas cerimônias, não servindo,
portanto, de guia a rituais:
Primeiro: a colheita e preparação das plantas a serem
ingeridas, mascadas, fumadas ou injetadas deve ser feita por quem detém uma
comunicação perfeita com a hierarquia espiritual que rege a planta. Devem ser
respeitados os requisitos sagrados pessoais. Contam na ocasião fatores
climáticos como fase da lua e tempo corretos. Existe uma linguagem ancestral e
ritualística a ser obedecida e respeitada, para cada momento, sem a qual não há
condições de manter a segurança e a força da ancoragem espiritual necessárias
para o momento que vai desde a colheita, o preparo, abertura de portal para o
ritual, o próprio ritual e o fechamento deste.
Segundo: Respeitando esse campo sagrado estão o líder que
administra a cerimônia, as pessoas que fazem parte do ancoramento das forças
espirituais, o próprio plano espiritual e o espírito da planta em uso. Uma
afinação tão perfeita que assegura o total controle do quanto o espírito da
planta pode atuar em cada Ser a ser administrada.
Terceiro: Esse controle (atuante através do líder do
ritual), quando em cerimonial correto, impede que sua atuação química impere
sobre a ritualística. Pois a partir do momento em que o condutor entende que o
buscador não mais pode continuar percorrendo o caminho, pede ao Espírito da
planta que se retire. O solicitado é aceito, respeitando todo um procedimento cujos
líderes cerimoniais, realmente capacitados, têm profundo conhecimento. Isso
assegura, completamente, que o caminho da planta não leve o buscador a um campo
onde o condutor cerimonial não tenha acesso sobre eventuais descontroles.
Quarto: Portanto, é vital que a condução do ritual seja
executada por uma liderança capacitada espiritualmente pela linhagem sagrada da
própria planta em uso.
5- Diferenças entre a atuação da planta no contexto tribal
e em nosso contexto
No contexto tribal a utilização das plantas sagradas
alucinógenas é feita em ambientes totalmente apropriados física e
espiritualmente. As experiências vividas no dia a dia dos participantes do
ritual são parecidas e conhecidas pelos seus componentes.
Uma aldeia não deixa de ser uma grande família onde os maiores
problemas são os considerados grupais, não individuais. Os fatos pessoais são
conhecidos, as experiências individuais, em geral, são compartilhadas, e existe
um suporte ou encaminhamento de maneira que tudo seja vivido de uma forma
comunitária. Por exemplo, uma criança numa aldeia jamais sentirá receio de
perder a segurança da constituição familiar, jamais se sentirá desamparada,
caso passe pelo processo de perda dos pais. A sociedade tribal, além de
amparar, tem um papel fundamental na construção da vida de cada elemento a ela
pertencente. A própria condução espiritual tribal dá alicerce concreto para que
qualquer vivência após o uso das plantas alucinógenas sagradas tenha explicação
e suporte individual. Diferente da nossa realidade onde muitas vezes a solidão
é vivida com força avassaladora. Onde há casos em que os problemas vivenciados
desde a gestação ou a infância deixam marcas profundas e veladas por
relacionamentos totalmente mascarados.
Tendo em vista que, em geral, nos redutos tribais, as
experiências com as plantas começam cedo (na infância ou adolescência), os
corpos sutis e o corpo físico ainda estão em formação e não detêm marcas
profundas, sejam elas espirituais emocionais ou mentais. Portanto, as limpezas
começam cedo e são feitas de maneira que, pouco a pouco, o acesso aconteça sem
grandes comprometimentos no que toca a romper com fortes camadas protetoras e
registros onde, não raro, se encontram dados que não se tem como lidar se este
momento não for alicerçado. O uso de tais plantas em seu tempo certo é uma
realidade social e religiosa pela qual todo o povo daquela aldeia deve passar.
Resumindo, isso ocorre em contínuas experiências, em
lugares ancestralmente sagrados, sob a guarda espiritual e terrena de
condutores capacitados, experientes e em grupos onde as pessoas são
familiarizadas umas com as outras.
Fora dos redutos tribais, em geral, a administração é
efetuada em grupos formados por pessoas que nem sempre estão familiarizadas
umas com as outras. Sob a liderança de pessoas que raramente têm qualquer
ligação ancestral divina com as plantas a serem manipuladas e cujas Hierarquias
Sagradas devem ser acessadas e ancoradas.
Como sob o efeito da planta alucinógena sagrada os corpos
sutis se expandem, há a possibilidade das energias se misturarem e se
confundirem de tal forma que o buscador não reconheça quais fazem parte da sua
essência e quais não lhe pertencem. Como a aura e os centros energéticos estão
muito expandidos, podem também captar energias do local ou energias de outras
pessoas presentes.
Nos trajetos de idas e vindas aos vários níveis de corpos,
pode ocorrer que venham ao consciente dados para os quais o buscador não tenha
ferramentas emocionais ou mentais pra lidar ou compreender no momento. Essas
idas e vindas aos vários níveis, sem alicerce anterior e sem um trabalho de
expansão de consciência antecipado, podem provocar rompimentos e deslocamentos
dos corpos e das energias sutis que formam esses corpos. Essas ocorrências
trazem resultados que desestabilizam os vários níveis de consciência.
Asseguro que é muito comum que esses fatos aconteçam.
6- Anseios do buscador em nosso contexto
Há de se contar com a possibilidade do buscador estar
focando mentalmente uma questão ou problema, enquanto que para seu inconsciente
ou seu espírito a questão de maior relevância seja outra. O que, portanto, leva
a planta sagrada a fazer caminhos para os quais conscientemente o Ser não
esteja preparado. Tem-se ainda a possibilidade de encontrar registros com
acesso de vidas passadas. Resumindo, não há controle de onde a experiência pode
chegar e se a pessoa está preparada para entrar em contato com que vai
contatar.
Há de se contar com a possibilidade do buscador não ter
reação alguma, o que por vários motivos também pode acontecer. O que, se não
for colocado como possibilidade, pode levar o Ser, conforme seu momento,
expectativa ou fragilidade, a desacreditar do poder divino. O que, sem dúvida,
seria uma postura equivocada e prejudicial ao Ser que busca.
7- Após o contato com a planta
No reduto tribal, caso exista algum processo de
catarse ou limpeza após o uso das plantas alucinógenas, ou nos dias
consecutivos, o Ser será amparado pelos responsáveis curadores ou pajé daquela
sociedade, até que o processo seja concluído.
Em grupos não nativos, em geral, os líderes cerimoniais
não detêm o domínio dos antídotos a serem utilizados para os fatores
desencadeados, assim como desconhecem a hierarquia espiritual a ser solicitada
e ancorada para o equilíbrio da situação, o que considero fator de principal
importância.
É comum que o buscador por esse caminho, fora dessas
sociedades tribais, em sua maioria, não tenha um caminho espiritual ainda bem
alicerçado ou definido. E nem sempre tem acesso a um mestre ou um curador em
quem confie e que tenha disponibilidade a acompanhar o processo e ajudar na
administração dos fatores desencadeados.
Isso faz com que os desequilíbrios tomem rumos diversos com péssimos
resultados.
8- O comprometimento entre orientador e buscador
Nas sociedades tribais há comprometimento e
responsabilidade por parte do pajé para com seu povo. Assim como há respeito e
total credibilidade nos procedimentos a serem tomados, se indicados por esse
pajé, por qualquer componente dessa sociedade.
Esse fator é importantíssimo à medida que a história
caminha tendo continuidade e liderança no caso de necessidade do buscador.
Esse talvez seja o fator mais relevante em todo o contexto
que permeia o caminho do buscador para o autoconhecimento. Quando um Ser se
fragiliza, a qualquer nível, seja ele pertencente a qualquer sociedade, existe
a necessidade de que o cuidado seja feito a todos os níveis, do físico ao
espiritual. Para que isso ocorra, é essencial um envolvimento seguro das duas
partes. Requer capacitação e envolvimento da parte do curador, confiança e
envolvimento da parte do buscador.
9- O reino vegetal na cadeia da criação
Na cadeia da Criação, todo o Reino Vegetal mantém um elo
profundo com a hierarquia sagrada que o detém, sustenta e nutre. Sua missão
planetária está ligada à cura e nutrição dos Reinos Animal e Humano. E acima
disso, a conduzir o Reino Humano para refazer o elo entre Céu e Terra, esse elo
que detém a manifestação divinizada entre o sagrado e terreno que o homem um
dia perdeu. Para isso, todas as plantas mantiveram intacta sua ligação divina,
mantendo determinadas qualidades e virtudes que, quando em contato com o Ser
humano, desperta seus dados também sagrados. Portanto, todas elas são sagradas,
independentemente de seus princípios ativos.
Sem o Reino Humano, o Reino Vegetal, sem dúvida,
sobreviverá, mas a humanidade não sobreviverá se o contrário ocorrer.
Há de se ter consciência e conhecimento sobre o verdadeiro
papel do Reino Vegetal para que sua missão planetária, em relação à cura da
humanidade, se realize.
Há de se utilizar corretamente os infinitos recursos que o
Reino Vegetal detém, como Manancial Sagrado de cura, para resgatar o caminho sagrado
da Humanidade.
Isso independe de qualquer ligação a credos ou religiões,
mas sim da ligação de cada Ser, de todos os reinos, ao Sistema Cósmico da
Criação, ao qual estamos todos unidos por uma infinita rede de energias e
emanações Sagradas da qual fazemos parte e da qual fazem parte todas as
hierarquias Universais, cada qual no seu papel.
10- O não julgamento
Registro e afirmo que não é minha intenção o julgamento
sobre a questão ética das pessoas envolvidas como condutores nesses rituais
fora dos redutos sagrados tribais. Creio que os equívocos e a desinformação
sobre o real papel do Reino Vegetal, em específico, das plantas como
instrumentos sagrados, levem pessoas, embora bem intencionadas, a um movimento
comprometedor no que toca ao equilíbrio do buscador e ao papel sagrado das
plantas alucinógenas no planeta. Para tanto, seria necessário que essas pessoas
desenvolvessem uma comunicação afinada e clara com o Reino Vegetal. Só assim
poderiam compreender que as Plantas anseiam, todas elas, pelo momento de
poderem participar do plano de cura planetária de uma forma divinamente
criativa, em acordo com o momento e condições que cada sociedade vive. Em
acordo total com o plano que rege as questões divinas e o conforto terreno.
por: Maria Lúcia Brenelli*
12-08-2011
Maria Lúcia, amada.
ResponderExcluirEncontrei por "acaso" seu texto na internet. Quanto respeito e sabedoria... Gratidão pelos ensinamentos. Com amor, Daniela
Querida Maria Lúcia,
ResponderExcluirA natureza é realmente uma enciclopédia a céu aberto, pronta para ser lida, estudada, reverenciada e acompanhada a qualquer momento e situação.
Infelizmente, nós seres humanos, estamos sempre preocupados e engajados nas rápidas soluções para nossos sofrimentos diários e quase nunca percebemos o quanto podemos dividir com a natureza nossas dificuldade e também nossas alegrias de viver. Tudo se torna realmente bem mais fácil quando observamos a grandiosidade da vida de uma árvore, por exemplo, e percebemos que este poderoso ser, assim como toda a sua energia, podem se tornar nossos grandes aliados de vida.
Agradeço demais pela aula de bem estar e viver aqui deixada aqui por você, em forma deste maravilhoso texto.
Com certeza seu dedicado trabalho ajudará a abrir os olhos e o coração de muitos, assim como tem feito comigo.
Muito obrigado!
Márcio Magalhães