XAMANISMO

Gratidão pela visita...
Maria Lúcia





É Natal!


Entre ruas coloridas e árvores piscantes, sons de jingle bell, pedidos e desejos,
laçarotes  engomados  e gordos  Noéis,  muitos sorrisos  cordiais , comes  e  champanhes...
Onde haverá, neste momento, lugar para o xamã e sua fogueira?
Onde buscará seu céu de estrelas? Em que trecho do asfalto honrará a Mãe Natureza?

Para ele tudo é válido... compreende que,  neste  rodamoinho de emoções e tradições
de tantos povos, o que importa é  que  no compartilhar da alegria, em algum momento,
o Sagrado penetra, assume, e em milagre atua...
 
Desejo que no momento do milagre sejam resgatados:
a  transparência  do brilho de um "olho no olho",
o pulsante  aconchego de um  abraço amigo,
a cumplicidade de um grande amor,
o exemplo e a segurança entregues aos descendentes;
a gratidão aos ancestrais.

Que a fagulha do Cristo Cósmico,  seja  mantida no silenciar dos  nossos corações
e viva em nossa Verdade Absoluta.

Que na certeza do percurso de nossa Estrada Sagrada, sob a proteção segura do Pai Céu,
esteja a Esperança inabalável, atuante através do Amor e da Compaixão do Cristo,
em nossos corações irmanados,
para a cura de todas as dores do coração da Mãe Terra...

Que juntos: nossa Mente, nosso Coração e nossa Ação
possam se diluir na essência de todos os Seres... de todos os Reinos...
e penetrar todos os mundos, para que a experiência da Compreensão seja vivida
e a Humildade seja um tom a mais no arco-íris multicolorido da Paz entre os Homens...

Que rios e mares, montanhas e vulcões, matas e desertos, ventos e trovões,
deuses e deusas, nossos mestres e irmãos, compartilhem conosco
os rituais sagrados em nosso Templo Interno...

Que a harmonia de todos os sons reine acima dos quatro elementos...
Que possamos juntos continuar plantando sementes
pela manifestação da Divindade em cada Ser...

Que os perfumes e essências de todas as flores, vindos das quatro direções,
abarquem o nosso sentir rumo à Unidade...
Que o Amor e a Luz prevaleçam...

E que o Grande Espírito possa, de seu Trono Eterno,
sorrir e adormecer tranquilo pelo legado, de seu Filho, que deixaremos aos nossos filhos...

“Alcançar a Unidade é ultrapassar todos os limites...
inclusive o da ilusão de que ela possa não existir
em qualquer movimento padronizado como ilusório...”.
Feliz Espírito de Natal a Todos!!!
 
Amor e Luz...   DEZ 2015
 
PAZ e Bênçãos, Maria Lúcia Brenélli.



* * *



Jacarandás (Jacaranda mimosaefolia) e Flamboyants (Delonix regia)







SOBRE o Espírito das Árvores...
 
No que toca ao Reino Vegetal, as Árvores têm um capítulo especial...
Seres de imensa grandeza, nossas matriarcas ancestrais, guardam em silêncio os segredos  do tempo, das brisas, dos ares, dos ventos, dos passantes, das conversas às suas sombras, da Mãe Terra. Muitas guardam a alegria dos moleques que nelas já subiram a espiar longe... Os suspiros dos namorados apaixonados, seus segredos e juras, algum coração desenhado com iniciais que o tempo não apaga.
 Quem, na infância, ouviu conselhos dos avós, histórias de tios e tias às suas sombras conhece a magia de seu acolhimento e sua cumplicidade... Tenho a dádiva de ter esses registros em minha história, não existe melhor lugar para uma criança ser aconselhada, para se trocar confidências que a sombra de uma árvore. Melhor ainda, se for possível que à sua sombra façamos uma pequenina fogueira, com cuidado para não ofender suas folhas com o calor do fogo. 
Sabedoria e estabilidade pulsam no coração de nossas guardiãs em total entrega à missão sagrada. Mananciais de virtudes, não perdem a mínima oportunidade para colocar em prática: maestria em doação.

Guardiã
 
Antenas Cósmicas.

Como antenas cósmicas, ligando o Céu e a Terra, são reservatórios de energias enigmáticas à nossa leitura. Através delas é mantida a ligação terrena com as forças Universais. Essas forças captadas por suas copas caminham por seus veios e seivas e através de suas raízes ganham as entranhas da Mãe Terra e a suprem e a sustentam, passando esses códigos cósmicos às nossas águas, aos plantios, aos frutos e às flores, aos pastos e às capineiras: alimentos tanto aos humanos quanto aos animais. Energias mantenedoras da criação e da vida.
As florestas, ancoradouros de forças sagradas, são utilizadas por seres de hierarquias divinas como portal para suas manifestações e atuações na Terra. Isso acontece também com as árvores guardiãs, elas sustentam energias importantes nos templos, nos centros culturais, nos bairros, nas cidades, nos lares, nos jardins públicos... Enfim, em todos os lugares onde estiverem.

Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides)

 
Conectando-se com o Espírito das Árvores.

Na chácara de nossa família temos uma Paineira Mestra, ela é a nossa guardiã. Um dia, há algum tempo, percebi que ela estava muito triste, ao indagar o porquê ela me explicou que os Espíritos das árvores estavam tristes, que seus Devas se sentiam desalojados pelo constante devassar das matas e florestas. Não tendo as árvores, como esses Devas podem se manifestar no planeta? Como pode um Ser sagrado se encontrar sem poder cumprir sua missão?  Como pode ser interrompido o fluxo energético Céu e Terra, que elas sustentam, sem prejuízos para toda a cadeia de vida dos Reinos que aqui habitam e para o Planeta? Como isso não afetará o equilíbrio do Todo?
 
A inconsciência humana ficou tão absurdamente avassaladora que ultrapassou os limites do Sagrado.
Então, eu perguntei a ela o que podia ser feito...
Ela me ensinou algo muito importante que passo para vocês. É simples e pela minha experiência faz toda diferença.
Onde quer que você esteja conecte-se com uma árvore, uma com a qual você tenha afinidade, aquela que toque seu coração. Não é necessário que essa distância tenha limites. Estou em São Paulo e mantenho a ligação com nossa Paineira em Cotia, embora eu tenha aqui em nosso bairro outras com as quais também me conecto.
 Mantenha, todos os dias, um elo do seu Espírito com o Espírito dessa Árvore. Melhor que isso seja feito pela manhã ao sol nascente, ao meio-dia ou ao sol poente. Mas se você, por algum motivo, não puder nesses horários, faça quando puder. Importante é que faça. 
No momento em que você conectar seu Espírito ao Espírito da Árvore que você escolheu, converse com ele. Diga-lhe que você é consciente da importância de todas as Árvores para o equilíbrio do sistema planetário e, portanto, da importância que essa árvore tem. Peça perdão ao seu Reino pela destruição das florestas.
Envie muito Amor e Luz ao Espírito dessa Árvore, sinta-se abraçando-a, sinta que seu amor caminha por seus veios, por sua seiva e por suas raízes ganhando a Terra, o mesmo caminho que fazem as energias cósmicas que ela capta. Faça isso em intenção de regeneração e cura pela tristeza que elas estão sentindo. Sentindo-se em Unidade com o Espírito dela, peça-lhe que passe sua mensagem para o Espírito de tantas Árvores quantas ela puder. Peça que se curem deste sentimento e que mantenham-se unidos como força grupal para que se faça cumprir a missão que os mantém a Serviço da Unidade. Agradeça-lhes por tantas eras de Serviço ao planeta e à humanidade. Não é preciso, nem recomendo, que você entre em contato com os Devas, deixe essa tarefa para as Árvores que são íntimas deles. Devas são seres de extrema força, portanto, só devem entrar em contato com eles pessoas que tenham intimidade em trabalhar com as Grandes Forças da Natureza.

Se você quiser fazer uma experiência muito especial, conecte-se com uma árvore que esteja muito triste, que esteja secando ou doente e verá a diferença regeneradora que esse gesto e esse sentimento fazem.

O Amor e a intenção de cura juntos operam milagres.

O primeiro aprendizado:
A mais importante razão desse contato é a cura da dor e da tristeza que as Árvores e seus Devas estão sentindo. Você verá o quanto essa ligação aumenta sua energia vital e lhe traz felicidade, pois a Natureza sempre trabalha em via de mão dupla. Esta é uma grande lição: tão tristes elas estão, mas no momento que recebem nossa atenção nos doam tanto Amor que a troca de energia chega a ser emocionante. Jamais um Ser que está em equilíbrio com a Natureza Espiritual recebe sem doar.
O segundo aprendizado:
Com o passar dos dias, você vai experienciando uma ligação tão bonita, sincera e sagrada como nunca experienciou com um Ser vegetal de tal grandeza. Você e a Árvore se tornam íntimas.
O terceiro e mais importante aprendizado:
Tente descobrir, depois me conte...
 

Tipuana (Tipuana tipu)

 
As Árvores curam.
 
Se você tem um problema, qualquer questão mais difícil a resolver,experimente eleger uma Árvore como amiga e confie-lhe seus segredos. Você verá como tudo fica mais fácil, as soluções se apresentam, as facilidades chegam. Lembre-se de devolver-lhe em Amor.
Elas têm especial habilidade em reconhecer sentimentos.
Árvores, quer anciãs ou jovenzinhas, são seres extremamente amorosos e gostam de atenção, principalmente quando essa atenção vem com pureza e sinceridade.
 

Árvores são mestras em guardar segredos, somente os contam a outros curadores como o Vento, a Chuva, os Pássaros...
 

Unidas, as forças conscientes da Mãe Natureza trabalham pela cura da humanidade e planetária...  O Vento, a Brisa, o Orvalho, a Chuva, o Vendaval, o Sereno, a Neblina, a Nuvem, a Chuva de Granizo, todos têm um Espírito, todos são irmãos e, cada qual com seu temperamento, se conhecem muito bem. Eles são Espíritos primordiais e reconhecem que cada um tem seus dons e que cada um cura de uma forma diferente. Assim, entre si comunicam-se e solicitam ajuda uns dos outros atuando sempre que há necessidade.

 
Quando amanhece o dia e o Espírito da Brisa bate manso nas folhas das árvores, conta-lhe segredos de onde veio, fala de sua caminhada, das pessoas que encontrou, conta sobre os sonhos dos humanos que captou durante a noite e do que deve ser curado. Elas conversam como podem proceder para a cura.
 
Alguém já se perguntou o que dizem as folhas das árvores quando farfalham?

- Conversam com o Espírito do Vento, contam a ele as dificuldades do local, sugerem o que deve ser levado para muito longe, bem pra lá dos imensos mares onde habita o inatingível...
Então o Vento amigo vem forte, ele varre os céus e o leito da terra, leva consigo as conversas vãs, os pensamentos fúteis, as mentiras e ilusões, a ganância, as raivas e iras...

 
De quando em quando as energias densas se acumulam de tal forma que necessitam uma cura mais drástica, então nossas guardiãs chamam pelo Espírito do Vendaval, ele chega uivando balançando forte os galhos e folhas das suas amigas Árvores, esses sons somados aos movimentos desestruturam e quebram as moléculas pesadas dessas energias que estão no Ar. Numa doação total de compaixão, quando tudo se aquieta, podemos ver galhos quebrados, árvores tombadas... Elas, realizadas, fizeram sua missão de cura.

Enquanto isso o Espírito do Vento bravo carrega para bem longe, para além dos Mares ou para as quebradas das Montanhas essas moléculas que no caminho são transformadas, transmutadas...
 
Quando a próxima aurora chega, encontra o dia limpo, os ares leves e puros, o Céu e o Sol brilham de uma forma diferente, pode-se sentir e ver as fagulhas de energia vital varrendo os novos ares...

Ipê Rosa (Tabebuia...)

Ipê Rosa

 
 
As pioneiras no preparo das essências florais.
 
Estamos na primavera, nossa cidade se enfeita em tantos coloridos: Sibipirunas, Resedás, Patas de Vaca, Acássias Imperiais, Tipuanas, Ipês, Jacarandás, Agoniadas, Guapuruvus, Espatódias, Flamboyants...  Suas cores misturam-se tingindo o Céu ou atapetando a Terra: alaranjado, amarelo dourado, amarelo gema, do rosa clarinho ao magenta, branco, roxo, violeta, vermelho...
 
Todas as vezes que caminho pelas ruas e calçadas com flores derrubadas pelas árvores, contorno as flores, procurando não pisa-las, honro sua beleza e seu sagrado. Agradeço-lhes a energia vibratória de cura que espalham pela terra e que doam aos caminhantes que, mesmo não tendo consciência do que representa a vibração energética das flores, passam por elas como quem passa por cortinas de Luzes, levam suas virtudes e bênçãos impregnadas em suas auras. Depois, dando-se conta ou não, carregando seus dados, emitem suas emanações de cura através de todos os seus sentidos.

 
Falamos da cumplicidade entre o Vento, os ares, a brisa, dos fenômenos da Natureza com as árvores para a cura dos humanos sobre a superfície da Terra...
Mas restam as entranhas da Terra, os caminhos sombrios das galerias subterrâneas, dos esgotos, que também guardam as dores e mazelas da humanidade e outras tantas energias às quais não quero citar aqui.

 
O Vento derrubou as flores das árvores...  Tapetes coloridos forram ruas e calçadas...

certo que ainda resta muito a curar,  ele clama por sua irmã: a Chuva... Ela lava o Céu e o Chão da Terra.  É quando acontece um magnífico milagre: as flores que se deitaram à Terra pensando em já adormecer, acordam seus códigos sagrados ao contato com a Água da Chuva e milhares de litros de água se transformam nas maiores poções de Essências Florais que jamais algum repertorista floral conseguirá fazer...

Apesar da ausência dos raios do Sol, pela cobertura das nuvens, a Água da Chuva traz códigos eletromagnéticos capazes de potencializar os códigos sagrados das flores que com total grandeza e propriedade divinas imantam as moléculas das Águas com suas virtudes e dons.
 

Elas, com certeza, foram pioneiras no preparo das Essências Florais Vibracionais.
Essas Essências de Flores banham nossas ruas, calçadas e galerias com a mais perfeita forma de cura, a mais alta frequência energética que qualquer remédio terreno pode oferecer para uma cura ambiental a grande escala, nos grandes centros urbanos.

Essências florais, após os ventos e as chuvas de primavera passam curando as galerias subterrâneas e esgotos das cidades operando milagres em suas trajetórias sagradas.

 
Em acordos secretos e velados todas as forças da Mãe Natureza, irmanadas, trabalham pelo bem comum.
E no dia seguinte tudo amanhece em PAZ...
 
A Mãe Natureza e seus elementos nos sugerem, o tempo todo, aprendizados e atitudes divinizadas em relação à Totalidade...
Com alegria e gratidão podemos optar em sentir, pensar e agir em acordo com essa Totalidade.
Primavera / 2012
Maria Lúcia
 
 
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Xamanismo
 
Por todas as partes do mundo, em todas as civilizações, há milhares de anos foram, e até os dias de hoje ainda são, encontradas provas de sua existência. O xamanismo é tão antigo quanto a humanidade, sendo sua mais antiga expressão de religiosidade, cultura, medicina, filosofia e política social.
O conceito do Xamanismo abrange uma realidade onde a Natureza, a Terra, o Céu e todos os seres da criação, de todos os reinos, ocupam cada qual seu lugar. Porém, interagem entre si mantendo seu equilíbrio perfeito a partir dessa interação pacífica e harmoniosa. Nessa visão, os fenômenos da Natureza, bem como seus elementos: rios, mares, montanhas, vales, nuvens, raios, trovões, relâmpagos, chuvas, possuem Espírito. Os animais, minerais e vegetais, tanto quanto o homem, possuem Espírito. Todos os comandos são determinados visando respeito e honra a essa questão.
A crença da existência do homem num sistema onde macro e micro se intercambiam e são interdependentes faz do homem, dentro de uma estrutura xamânica, um Ser pertencente à Criação de forma responsável e respeitosa. Acredita-se que entre o Pai Céu e a Mãe Terra está o Ser Humano à Serviço da Criação, ao mesmo tempo em que ela o provê e o protege.


O Pajé na sociedade tribal  é o manancial do conhecimento, a raiz dos mistérios e segredos que envolvem a Pajelança e todos os procedimentos voltados para o sagrado em suas manifestações ritualísticas tribais.

Ele detém a cura e os poderes sagrados tanto quanto souber deter os segredos.
É muito importante frisar que: não existe Pajelança Verdadeira ou ritualística indígena genuína, como ditam os princípios sagrados tribais, sem a condução de um Verdadeiro Pajé.  E que a Pajelança é apenas uma a mais entre suas práticas sagradas.

Este, para estar habilitado, em primeiro lugar deve ter sido destinado para sua missão pelo seu próprio tronco familiar, ou seja, um tronco tradicionalmente de pajés, que de pai para filho herdam os dons. Além disso, seus dons devem ser comprovados por atitudes diárias e poderes sagrados. Ele deve absorver conhecimentos ritualísticos e sagrados ancestrais que, em geral, são passados verbalmente ou por contatos telepáticos, intuitivos, captados do invisível de acordo com sua expansão de consciência, espiritualidade e envolvimento com o plano divino.

É ele o responsável não só pelo destino espiritual de seu povo; de forma muito contundente é respeitado ao interferir na parte político social de sua nação, sendo suas sugestões sagradas e incontestáveis.

Deve participar da realidade cotidiana de sua sociedade para em momentos precisos interferir como conselheiro ou guia.
O Pajé deve viver em intimidade com o divino; possuir propriedade da utilização das plantas curativas, do uso de vegetais alucinógenos ou não, das poções mágicas, dos instrumentos sagrados e de poder, sendo eles musicais ou não, tanto os mais conhecidos como a maracá, o tambor, a flauta bem como outros mais secretos.
Há de ser um bom artesão visto que seus instrumentos sagrados e talismãs são criados por ele mesmo.
Fazem parte ainda de seu conhecimento secreto: os cantos, as danças, as rezas e a linguagem ancestral sagrada. Tudo somando sua comunicação sagrada à comunicação com seus ancestrais, com entidades sobrenaturais e com seres de alta hierarquia, como os que dominam os fenômenos da Natureza.  Deve ter o reconhecimento e habilidade em trabalhar com os quatro elementos (fogo, terra, ar e água) e os espíritos dos quatro reinos da criação (mineral, vegetal, animal, hominal) que habitam a Terra.
Entre uma infinidade de conhecimentos ainda há de: ler as entrelinhas dos mistérios ocultos da linguagem sagrada, ter a capacidade de viajar entre os mundos físico e espiritual, caminhar entre o céu, as profundezas da Terra e o inferno, ou seja, entre os mundos internos dele mesmo e de cada Ser que o procura em busca de cura.
 
E, sobre todas as coisas, viver em tempo permanente a serviço do Grande Espírito.
Um verdadeiro Pajé tem o domínio de tantas sabedorias que seus dons abrangem a perfeição manifestada desde tarefas que podem parecer mais simples como o preparo de um alimento, a limpeza da casa, o plantio, a caça, a pesca, o divertir uma criança, o entender a linguagem de um animal até a comunicação com as estrelas e os seres sagrados estelares. Ainda, há de primar sobre o conhecimento e a compreensão de tudo que pertence ou se refere à sua cultura.

As Pajelanças  são expressões ritualísticas que abarcam segredos, mistérios, conhecimentos e dons de um Pajé. Ela é apenas uma entre muitas de suas práticas sagradas.
São permeadas por misticismo, honra, confiança, fé e respeito pelas pessoas envolvidas em sua busca.
Durante o ritual da pajelança o Pajé é imbuído pelo sagrado e neste momento é acessado todo seu “arquivo” sagrado como ferramenta de cura, pelo próprio sagrado com quem se identifica no momento.

Há pajelanças individuais como também as direcionadas ao bem comum ou grupal.
Quando individuais são realizadas em função de curas: física, espiritual, mental, emocional.
Existem pajelanças “brancas” (para o bem) ou “negras” (para o mal). Mas também, há sempre um “ajuste de contas” do plano espiritual, quanto aos conhecimentos e poderes de um pajé, quando seu uso é feito para o mal.
A verdadeira pajelança ancestral sempre se fundamenta em trabalhar pelo bem, seja individual, coletivo, local, planetário ou Universal.

No que diz respeito às pajelanças individuais independentemente dos procedimentos e motivos que levam o Ser a procurar a cura por esse segmento o resultado sempre visa fortalecer o Espírito do buscador.

Porque as pessoas buscam cerimônias indígenas 
Fora das Aldeias, nas sociedades urbanas, os motivos que levam pessoas a buscarem cerimônias indígenas são os mais diversos. Desde simples curiosidade, até quebra de padrões emocionais cristalizados; limpeza espiritual, a simplicidade das manifestações como danças e cantos, a expansão de consciência, a alegria e o conforto que sentem após as danças.
Mas, particularmente, tenho observado que o mais relevante dos motivos é a busca por uma ritualística que traga, como registro, um contato mais próximo com a Natureza e o fortalecimento do Espírito do buscador. Isso abarca questões complexas como uma necessidade vital de rituais ancestrais e uma leitura simples da ligação do Homem entre o Céu e a Terra. Essas pessoas desejam uma ritualística nutridora que supra as necessidades de seu Espírito e que seja distanciada tanto das instituições religiosas como da forma como o histórico dessas instituições está registrado no decorrer da história.
por: Maria Lúcia Brenelli*  *2012*

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O delicado campo que permeia
o uso ritualístico
das plantas alucinógenas

Como “caminhante buscadora” e terapeuta holística, sou testemunha fiel de experiências vividas por muitos buscadores que me procuram para orientações e conforto. Segue aqui o meu depoimento sobre o delicado campo que permeia o uso ritualístico das plantas alucinógenas utilizadas de diversas formas como: poções, bebidas, injetadas, mascadas ou fumadas. São estas plantas sagradas, como respeitosamente serão aqui tratadas, bem como é Sagrado todo Ser pertencente ao Reino Vegetal.
Cito abaixo os vários motivos pelos quais, em minha experiência de vida, sempre optei pelo não uso pessoal ou administração profissional, aos meus clientes, das plantas alucinógenas. E porque, seja num contexto puramente físico/químico ou num contexto divino, sempre desaconselho a utilização das mesmas aos que pedem minha opinião.
Aos que tiverem interesse pelo assunto registro aqui, também por experiência própria, a forma como se pode percorrer o caminho sagrado, com os almejados resultados, sem comprometimentos ou riscos.

1-     Meu testemunho como buscadora
Minha vida pessoal de buscadora começou muito cedo. Desde menina sempre tive afinidade especial com as plantas, suas flores, seus princípios curativos, com a Mãe Natureza e tudo que nela habita. Daí para sentir o que nutria meu Espírito foi dado fácil de ser acessado. Posso dizer por minha própria vivência que a realização do autoconhecimento com expansão de consciência pode e deve ser encaminhada através de métodos simples, nada sacrificados. São eles: meditação, alimentação adequada, respiração, cuidados físicos, estudo, uso das Essências Florais, contato com a Natureza e com o Espírito das plantas de uma forma sutil, suave e não invasiva. Esses veículos, de total confiabilidade no caminho sagrado, nos trazem conquistas aspiradas como: visões, intuições, premonições, ligação com Eu Superior e com Hierarquias Sagradas de formas indiscutíveis. Basta um requisito para que isso ocorra: a escolha do caminho a ser percorrido.

Esse caminho pessoal sagrado, que na verdade permeia o profissional, porque não há como separar um do outro, tem me dado todo respaldo para que eu seja um Ser feliz e possa me considerar, com humildade e gratidão, realizada em todos os setores. Este mesmo caminho, até agora bem sucedido, mantém acesa a minha certeza de que a dedicação à evolução é uma constância consciente na busca do aprimoramento de dons e virtudes e na cura de padrões indesejados a serem sempre desvendados e descristalizados.

2-     Meu testemunho como terapeuta
Há 17 anos atuando como terapeuta, detenho o conhecimento e aplicação de vários métodos ligados a terapias holísticas. Nesse tempo, tenho recebido em meu consultório grande número de pessoas buscando soluções a sérios problemas desencadeados, de todos os níveis, após a participação em cerimônias em que ingeriram plantas alucinógenas.  Especialmente a bebida Ayahuasca.
E pior ainda segue a condução, se após uma catarse existe a orientação, por quem lidera ou administra o ritual, para que a pessoa tome outra dose para curar os estragos da primeira... e assim por diante.  Pois o que acontece, no geral, é que os desequilíbrios tomam continuidade...

Recebi, também nesse período, diversas pessoas que fazem uso de plantas de outras maneiras, como mascadas ou fumadas, sendo a Erythroxylum coca e a Cannabis sativa as mais conhecidas (que da mesma forma destroem seus campos energéticos), buscando se reequilibrar.
Como a visualização das energias é uma ferramenta e um dom que muito me auxilia nesses casos, não tenho como duvidar do que se torna evidente. Vejo os rompimentos de seus corpos sutis e as cores originais de suas auras que poderiam ter matizes e nuanças de cores como azul, rosa, amarelo, verde, lilás e tantas outras, cobertas e obscuras por texturas de energias escurecidas e pegajosas como limo, especialmente na região da cabeça. Essas auras perdem o brilho e não emanam as fagulhas brilhantes comuns em auras saudáveis. Seus corpos vitais energéticos apresentam falhas e buracos. Essas placas, que se apresentam como limos, impedem que a ligação energética entre o Céu e a Terra seja natural, causando desconforto contínuo ao usuário das plantas alucinógenas mesmo quando esse uso está ligado a cerimônias ritualísticas.

Essas pessoas, não raro, sofrem de depressão, ansiedade, irritação, tristeza e sensações de constante descontentamento, embora em sua vida cotidiana tivessem tudo para viver equilibradamente.
Enfim, são vários os sintomas que mostram os desequilíbrios e que no nível de orientação e recuperação requerem dedicação e perseverança tanto da parte do buscador como do orientador. No entanto, se os procedimentos forem bem conduzidos e aplicados, são extremamente bem sucedidos.

Para que os quadros sejam revertidos, utilizo além de outros procedimentos cabíveis, um dos principais pilares do Reino Vegetal, as Essências Florais que, de uma forma mais sutil e também sagrada, trazem resultados surpreendentes e efetivos no caminho do autoconhecimento, da expansão de consciência e na recuperação de padrões em desequilíbrio.

 Costumo dizer que as Essências Florais são as bebidas de poder do nosso povo. Quando bem administradas, elas trazem resultados maravilhosos e sem comprometimento algum. 
Ajudar pessoas que participaram dessas cerimônias ou que em algum momento optaram por fazer uso das plantas de forma equivocada (e que, por isso, trazem desajustes a todos os níveis de corpos), tem me trazido muita experiência neste campo, assim como tem expandido meu conhecimento sobre a atuação sagrada do Reino Vegetal. Cresce meu respeito e minha proximidade ao Espírito dessas plantas que, divinizadas que são, seguem na linha do tempo aguardando que o Reino Humano consiga compreendê-las e através do contato correto com sua essência sagrada possa recuperar seu destino divino.

Devo acrescentar ainda, como dado de muita importância, que, durante os últimos 13 anos, tenho trabalhado com os índios Kariri Xocó, mais precisamente com o pajé Tkaynã. E também a dádiva de ter como grande amigo, o pajé e mestre Tchydjo, pai de Tkaynã. Essa convivência próxima a eles trouxe-me  grande aprendizado e conhecimento em relação às práticas ritualísticas e às bebidas de poder.  Tkaynã e Tchydjo, segundo seus próprios relatos,  são os únicos representantes do povo Kariri Xocó, fora da aldeia, capacitados pelo sagrado a ministrarem a Jurema e a fazerem pajelanças.  Eles detêm conhecimento e domínio ancestrais ligados ao Espírito da Jurema, à sua Árvore Sagrada e à bebida alucinógena sagrada de seu povo. Eles também pertencem ao povo Fulniô.

Tive a bênção e merecimento de entrar em contato com a Jurema, por diversas vezes, através de visões e meditações, respeitando sempre minha opção de não ingerir nem administrar aos meus clientes sua bebida sagrada.

Sobre a Jurema e sua guardiã sagrada, da qual o povo Kariri é guardião dos segredos, teria que dedicar outro texto visto a grandeza de seu sagrado e tal o respeito e honra que lhe tenho.

3-     As plantas alucinógenas
Bem como todas as outras, as plantas alucinógenas são sagradas e mantêm cada qual esse elo com seu guardião sagrado.
No caso de serem utilizadas para fins ritualísticos, a ligação de seu Guardião e a  comunicação com quem administra sua feitura e distribuição, deve ser clara e impecável. Elas são extremamente delicadas e sensíveis.
Sobre as poções e bebidas sagradas, cada uma delas detém uma linguagem apropriada ao povo ao qual foi designada para contato, ou seja, cada qual entende a linguagem de seu povo. Cada qual nasceu e cresceu nas terras desse povo para ajudar esse povo.

Esse foi um fator que me ficou muito claro nos vários contatos que tive com seus Espíritos Guardiões em meditações e visões. Pude observar, com tristeza, a angústia de vários deles pela má administração e uso de seus princípios ativos sagrados.

Afirmo ainda que, quando a direção ritualística é mal administrada e foge do controle do líder que conduz a cerimônia de feitio ou a cerimônia de distribuição das mesmas, por qualquer que seja o motivo, os resultados podem sem catastróficos aos participantes à medida que pode haver deslocamento ou rompimento dos corpos sutis.

Aos que desconhecem o papel que esses corpos desempenham em nosso Ser, deixo aqui a sugestão para que se aprofundem no assunto. Seria preciso discorrer muito sobre isso, tal sua importância e complexidade.

4-     O caminho hierárquico sagrado das plantas alucinógenas nos rituais
Existe um caminho sagrado que as plantas alucinógenas fazem e fizeram na história de cada povo ancestral ou nativo. De uma maneira simples e objetiva, cada qual com suas tradições e costumes, elas mantêm uma estrutura a todos os níveis para que esse caminho seja percorrido. Caminho esse preparado e ancorado por toda uma hierarquia conhecida e respeitada pelo povo a qual pertence.

Fazem parte dessa hierarquia: sua ancestralidade espiritual e genética, seu espaço físico e espiritual sagrado, seus mestres do plano divino, pajés e curadores – que no plano terreno são designados a conduzir e manter em seu povo tal experiência. Contam ainda os requisitos pessoais, conhecimento, apoio e intimidade dos condutores das cerimônias com o plano sagrado que habita no reino vegetal.

A partir dessa hierarquia, segue um relato resumido direcionado apenas à finalidade de conhecimento. Não constam aqui as rezas ou palavras sagradas que ancoram os portais ritualísticos, bem como não são citadas as hierarquias sagradas que sustentam estas cerimônias, não servindo, portanto, de guia a rituais:

Primeiro: a colheita e preparação das plantas a serem ingeridas, mascadas, fumadas ou injetadas deve ser feita por quem detém uma comunicação perfeita com a hierarquia espiritual que rege a planta. Devem ser respeitados os requisitos sagrados pessoais. Contam na ocasião fatores climáticos como fase da lua e tempo corretos. Existe uma linguagem ancestral e ritualística a ser obedecida e respeitada, para cada momento, sem a qual não há condições de manter a segurança e a força da ancoragem espiritual necessárias para o momento que vai desde a colheita, o preparo, abertura de portal para o ritual, o próprio ritual e o fechamento deste.

Segundo: Respeitando esse campo sagrado estão o líder que administra a cerimônia, as pessoas que fazem parte do ancoramento das forças espirituais, o próprio plano espiritual e o espírito da planta em uso. Uma afinação tão perfeita que assegura o total controle do quanto o espírito da planta pode atuar em cada Ser a ser administrada.

Terceiro: Esse controle (atuante através do líder do ritual), quando em cerimonial correto, impede que sua atuação química impere sobre a ritualística. Pois a partir do momento em que o condutor entende que o buscador não mais pode continuar percorrendo o caminho, pede ao Espírito da planta que se retire. O solicitado é aceito, respeitando todo um procedimento cujos líderes cerimoniais, realmente capacitados, têm profundo conhecimento. Isso assegura, completamente, que o caminho da planta não leve o buscador a um campo onde o condutor cerimonial não tenha acesso sobre eventuais descontroles.

Quarto: Portanto, é vital que a condução do ritual seja executada por uma liderança capacitada espiritualmente pela linhagem sagrada da própria planta em uso.

5-     Diferenças entre a atuação da planta no contexto tribal e em nosso contexto
No contexto tribal a utilização das plantas sagradas alucinógenas é feita em ambientes totalmente apropriados física e espiritualmente. As experiências vividas no dia a dia dos participantes do ritual são parecidas e conhecidas pelos seus componentes.

Uma aldeia não deixa de ser uma grande família onde os maiores problemas são os considerados grupais, não individuais. Os fatos pessoais são conhecidos, as experiências individuais, em geral, são compartilhadas, e existe um suporte ou encaminhamento de maneira que tudo seja vivido de uma forma comunitária. Por exemplo, uma criança numa aldeia jamais sentirá receio de perder a segurança da constituição familiar, jamais se sentirá desamparada, caso passe pelo processo de perda dos pais. A sociedade tribal, além de amparar, tem um papel fundamental na construção da vida de cada elemento a ela pertencente. A própria condução espiritual tribal dá alicerce concreto para que qualquer vivência após o uso das plantas alucinógenas sagradas tenha explicação e suporte individual. Diferente da nossa realidade onde muitas vezes a solidão é vivida com força avassaladora. Onde há casos em que os problemas vivenciados desde a gestação ou a infância deixam marcas profundas e veladas por relacionamentos totalmente mascarados.

Tendo em vista que, em geral, nos redutos tribais, as experiências com as plantas começam cedo (na infância ou adolescência), os corpos sutis e o corpo físico ainda estão em formação e não detêm marcas profundas, sejam elas espirituais emocionais ou mentais. Portanto, as limpezas começam cedo e são feitas de maneira que, pouco a pouco, o acesso aconteça sem grandes comprometimentos no que toca a romper com fortes camadas protetoras e registros onde, não raro, se encontram dados que não se tem como lidar se este momento não for alicerçado. O uso de tais plantas em seu tempo certo é uma realidade social e religiosa pela qual todo o povo daquela aldeia deve passar.

Resumindo, isso ocorre em contínuas experiências, em lugares ancestralmente sagrados, sob a guarda espiritual e terrena de condutores capacitados, experientes e em grupos onde as pessoas são familiarizadas umas com as outras.

Fora dos redutos tribais, em geral, a administração é efetuada em grupos formados por pessoas que nem sempre estão familiarizadas umas com as outras. Sob a liderança de pessoas que raramente têm qualquer ligação ancestral divina com as plantas a serem manipuladas e cujas Hierarquias Sagradas devem ser acessadas e ancoradas.

Como sob o efeito da planta alucinógena sagrada os corpos sutis se expandem, há a possibilidade das energias se misturarem e se confundirem de tal forma que o buscador não reconheça quais fazem parte da sua essência e quais não lhe pertencem. Como a aura e os centros energéticos estão muito expandidos, podem também captar energias do local ou energias de outras pessoas presentes. 

Nos trajetos de idas e vindas aos vários níveis de corpos, pode ocorrer que venham ao consciente dados para os quais o buscador não tenha ferramentas emocionais ou mentais pra lidar ou compreender no momento. Essas idas e vindas aos vários níveis, sem alicerce anterior e sem um trabalho de expansão de consciência antecipado, podem provocar rompimentos e deslocamentos dos corpos e das energias sutis que formam esses corpos. Essas ocorrências trazem resultados que desestabilizam os vários níveis de consciência.
Asseguro que é muito comum que esses fatos aconteçam.

6-     Anseios do buscador em nosso contexto
Há de se contar com a possibilidade do buscador estar focando mentalmente uma questão ou problema, enquanto que para seu inconsciente ou seu espírito a questão de maior relevância seja outra. O que, portanto, leva a planta sagrada a fazer caminhos para os quais conscientemente o Ser não esteja preparado. Tem-se ainda a possibilidade de encontrar registros com acesso de vidas passadas. Resumindo, não há controle de onde a experiência pode chegar e se a pessoa está preparada para entrar em contato com que vai contatar.

Há de se contar com a possibilidade do buscador não ter reação alguma, o que por vários motivos também pode acontecer. O que, se não for colocado como possibilidade, pode levar o Ser, conforme seu momento, expectativa ou fragilidade, a desacreditar do poder divino. O que, sem dúvida, seria uma postura equivocada e prejudicial ao Ser que busca.

7-     Após o contato com a planta
No reduto tribal, caso exista algum processo de catarse ou limpeza após o uso das plantas alucinógenas, ou nos dias consecutivos, o Ser será amparado pelos responsáveis curadores ou pajé daquela sociedade, até que o processo seja concluído.

Em grupos não nativos, em geral, os líderes cerimoniais não detêm o domínio dos antídotos a serem utilizados para os fatores desencadeados, assim como desconhecem a hierarquia espiritual a ser solicitada e ancorada para o equilíbrio da situação, o que considero fator de principal importância.

É comum que o buscador por esse caminho, fora dessas sociedades tribais, em sua maioria, não tenha um caminho espiritual ainda bem alicerçado ou definido. E nem sempre tem acesso a um mestre ou um curador em quem confie e que tenha disponibilidade a acompanhar o processo e ajudar na administração dos fatores desencadeados.  Isso faz com que os desequilíbrios tomem rumos diversos com péssimos resultados.

8-     O comprometimento entre orientador e buscador
Nas sociedades tribais há comprometimento e responsabilidade por parte do pajé para com seu povo. Assim como há respeito e total credibilidade nos procedimentos a serem tomados, se indicados por esse pajé, por qualquer componente dessa sociedade.

Esse fator é importantíssimo à medida que a história caminha tendo continuidade e liderança no caso de necessidade do buscador.

Esse talvez seja o fator mais relevante em todo o contexto que permeia o caminho do buscador para o autoconhecimento. Quando um Ser se fragiliza, a qualquer nível, seja ele pertencente a qualquer sociedade, existe a necessidade de que o cuidado seja feito a todos os níveis, do físico ao espiritual. Para que isso ocorra, é essencial um envolvimento seguro das duas partes. Requer capacitação e envolvimento da parte do curador, confiança e envolvimento da parte do buscador.

9-     O reino vegetal na cadeia da criação
Na cadeia da Criação, todo o Reino Vegetal mantém um elo profundo com a hierarquia sagrada que o detém, sustenta e nutre. Sua missão planetária está ligada à cura e nutrição dos Reinos Animal e Humano. E acima disso, a conduzir o Reino Humano para refazer o elo entre Céu e Terra, esse elo que detém a manifestação divinizada entre o sagrado e terreno que o homem um dia perdeu. Para isso, todas as plantas mantiveram intacta sua ligação divina, mantendo determinadas qualidades e virtudes que, quando em contato com o Ser humano, desperta seus dados também sagrados. Portanto, todas elas são sagradas, independentemente de seus princípios ativos.

Sem o Reino Humano, o Reino Vegetal, sem dúvida, sobreviverá, mas a humanidade não sobreviverá se o contrário ocorrer.

Há de se ter consciência e conhecimento sobre o verdadeiro papel do Reino Vegetal para que sua missão planetária, em relação à cura da humanidade, se realize.

Há de se utilizar corretamente os infinitos recursos que o Reino Vegetal detém, como Manancial Sagrado de cura, para resgatar o caminho sagrado da Humanidade.

Isso independe de qualquer ligação a credos ou religiões, mas sim da ligação de cada Ser, de todos os reinos, ao Sistema Cósmico da Criação, ao qual estamos todos unidos por uma infinita rede de energias e emanações Sagradas da qual fazemos parte e da qual fazem parte todas as hierarquias Universais, cada qual no seu papel.

10- O não julgamento
Registro e afirmo que não é minha intenção o julgamento sobre a questão ética das pessoas envolvidas como condutores nesses rituais fora dos redutos sagrados tribais. Creio que os equívocos e a desinformação sobre o real papel do Reino Vegetal, em específico, das plantas como instrumentos sagrados, levem pessoas, embora bem intencionadas, a um movimento comprometedor no que toca ao equilíbrio do buscador e ao papel sagrado das plantas alucinógenas no planeta. Para tanto, seria necessário que essas pessoas desenvolvessem uma comunicação afinada e clara com o Reino Vegetal. Só assim poderiam compreender que as Plantas anseiam, todas elas, pelo momento de poderem participar do plano de cura planetária de uma forma divinamente criativa, em acordo com o momento e condições que cada sociedade vive. Em acordo total com o plano que rege as questões divinas e o conforto terreno.
por: Maria Lúcia Brenelli*
12-08-2011









2 comentários:

  1. Maria Lúcia, amada.
    Encontrei por "acaso" seu texto na internet. Quanto respeito e sabedoria... Gratidão pelos ensinamentos. Com amor, Daniela

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  2. Querida Maria Lúcia,

    A natureza é realmente uma enciclopédia a céu aberto, pronta para ser lida, estudada, reverenciada e acompanhada a qualquer momento e situação.
    Infelizmente, nós seres humanos, estamos sempre preocupados e engajados nas rápidas soluções para nossos sofrimentos diários e quase nunca percebemos o quanto podemos dividir com a natureza nossas dificuldade e também nossas alegrias de viver. Tudo se torna realmente bem mais fácil quando observamos a grandiosidade da vida de uma árvore, por exemplo, e percebemos que este poderoso ser, assim como toda a sua energia, podem se tornar nossos grandes aliados de vida.
    Agradeço demais pela aula de bem estar e viver aqui deixada aqui por você, em forma deste maravilhoso texto.
    Com certeza seu dedicado trabalho ajudará a abrir os olhos e o coração de muitos, assim como tem feito comigo.
    Muito obrigado!

    Márcio Magalhães

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